29.5.07

The Frames @ Vicar Street




Duas horas e meia de música em boa companhia, 3 encores, um violinista fantástico e um Glen Hansard a contagiar-nos a todos com um humor brutal foram a receita para uma noite inesquecível. Estes miúdos vão dar que falar!

27.5.07

um, dois, três... respira

Tenho um problema. Orgânico. Daqueles que vêm dos confins da infância e deixam marcas até aos dias de hoje. Não chega a ser uma fobia, mas tenho de pensar bem antes de me decidir a pôr um pé numa destas instituições. No sábado, dia feioso e a pedir visitas indoors, achei que oito meses depois de chegar a Dublin estava na altura do esforço. Entrei a medo e dei uma volta pelo rés-do-chão, assim ao largo, sem me aproximar muito das vitrinas, a contornar miúdos a fazer desenhos e pais que explicam com afã as maravilhas naturais. Quando começo a olhar só em frente sei que está na altura de sair e acelero o passo. Bichezas com o ar mais triste deste mundo enfiados numas caixas de vidro normalmente já bastante para o empoeiradas, em poses ridículas que pretendem captar a verdadeira vida animal é demais para mim. Quero lá saber da chuva... ou do granizo que cai lá fora! Viva o ar fresco e o céu aberto que me deixam bem longe dos animais empalhados e da insuportável natureza morta que é um museu de história natural.
Perde-se em sabedoria taxidérmica, ganha-se em ignorância feliz!

19.5.07

quickshot VI

City Hall, Belfast: imperial mais imperial não há! God save Queen Victoria!

Hill of Slane ao lusco-fusco: uma abadia em ruínas e cruzes celtas por todo o lado. Místico qb!
Old Bushmills Distillery: licença para enfrascar os demais conterrâneos desde 1608... não há-de esta gente gostar do copo!
Especialmente para o Tio Artur: moda papa-léguas-ultra-confortáveis (1) Primavera 2007 ! :P

16.5.07

mon meilleur ami

- Il n’y a personne que vous pouvez appeler à trois heures du matin?
- Non personne.
- Même si vous avez un gros problème?
- Mais je n’ai pas des gros problèmes.
- Bah! Si vous pouvez pas appeler quelqu’un à trois heures du matin vous avez un problème!


E não é que os cinemas blockbuster às vezes também passam pérolas destas?

14.5.07

queixinhas

Chove que Deus a dá, o meu nariz está em obras com a mega constipação que me aterrou em cima, não tenho alunos... que é como quem diz começou a parte chata do meu trabalho: exames, correcções, relatórios, planificações, reuniões e outras burocracias tais.
Queria ter tido tempo para pendurar o espelho, para imprimir os livrinhos com castiçais na capa, para que a Mananena Tabodinha se metesse comigo com mais pinta ainda do que já faz, para treinar os músculos do braço direito no bowling de onde-judas-perdeu-as-botas, para ir finalmente a tua casa, para mandar palpites sobre o décor de um wc cor-de-laranja, para o café que te fiquei a dever, para aqueles que nem cheguei a combinar, para ter mais festinhas tuas num serão de sofá e mimos só de mãe e filha... para... para... para...

1.5.07

letter (9)

Queridos todos,

Ainda que vossas reais excelências não se dignem a dar um arzinho de vossa graça nesta humilde casa, cá vão mais umas pinceladas de vida na ilha verde, que eu cá não sou de guardar rancores... pelo menos por ora ;)
Este weekend foi o chamado fim-de-semana de 'gaijas', que só não acabou em extâse total porque o Benfica resolveu empatar no derby de domingo à noite! Ora não se podendo ter tudo, fique-se com a melhor parte, que foi, sem sombra de dúvidas, os kms que fizemos pela ilha fora.
Passámos por Ballymoney, Ballymena, Ballycastle e mais umas quantas 'terras de', até chegarmos bem ao norte da Irlanda, onde ao contrário do que dizia o poeta, a terra acaba e o mar principia. Bushmills foi a primeira paragem turística propriamente dita, com esta vossa amiga a beber whiskey quente com açúcar, canela e cominhos logo às 11 da manhã... valeram-me as panquecas do pequeno-almoço e à outra Joana, provadora oficial de 5 ou 6 whiskeys, o full Irish breakfast que tinha a forrar o estômago! Visitada a distilaria seguimos para o Giant's Causeway e para a primeira caminhada do dia, a saltitar nas 'pegadas do gigante', que mais não são do que um fantástico caminho de rochas basálticas formadas há uns quantos milhões de anos pelo contacto de lava e água. Daí até Carrick-a-rede foi um instante e não houve vento que nos demovesse de atravessar a ponte e ter a sensação única de, no meio do mar, ver a Escócia à nossa frente (a pontinha de Mull of Kintyre, essa mesmo, a da música do Paul McCartney com gaitas-de-foles) e a Irlanda nas nossas costas. Mais uma voltinha de 2kms para abrir o apetite e rumar a sul pela coastal road, uma estrada linda de morrer, em que o difícil é escolher um poiso para os olhos: mar de um lado, verde do outro, verde de um lado, mar do outro... um verdadeiro consolo ocular!
A surpresa do dia foi uma terrinha de seu nome Carnlough. Uma vila giríssima onde parámos para almoçar e retemperar forças para as quase duas horas de distância de Belfast.
Belfast... é a segunda vez que lá vou e continua a impressionar-me. Mexe por dentro aquela cidade. Imperial à boa maneira britânica, vive uma paz que me permito dizer aparente porque em todo o lado há sinais de desconforto, de conflito ainda fresco, de instabilidade. Que o Tony Blair se congratule por ter finalmente conseguido um governo partilhado entre o Sinn Féin e os unionistas não é, definitivamente, sinal de que os confrontos acabaram. Os católicos menos comedidos tratam os protestantes por 'the palestines', não respondem à polícia porque não a encaram como autoridade e queixam-se de que ainda há discriminação e falta de empregos para 'os deles'. Há bairros católicos e protestantes e as misturas não se aceitam. Há portões que fecham bairros quando anoitece e a razão parece não estar em nenhum dos lados, pelo menos a julgar pelas listas e listas de mortos que dão cor aos murais da cidade. Que não se esqueça o passado é uma coisa louvável, mas aqui, quer manter-se a ferida aberta porque se sente que esta paz não é a sério. E isso assusta... e comove.
Voltámos a casa-Dublin com um nó na garganta e vontade de saber mais sobre este povo e esta terra que tão bem nos acolheu, a mim e à Sarita e a todos os que nos vêm visitar.
Os 5/7 minutos do lusco-fusco ainda se aproveitaram para dar um salto à Slane Abbey e mostrar à Joana e à Raquel umas cruzes celtas originais.
E pronto, confesso-vos que esta semana já estou com aquele friozinho na barriga de quem não tarda se vai despedir dos alunos, mas muito contente por daqui a uns dias ir matar saudades a Coimbra e arredores!


beijos abraços da ilha verde,

Joana