Queridos,
Nada melhor do que um Domingo à tarde em casa, a tentar matar uma constipação para ter uns minutos livres e vir contar-vos novidades!
Quase três semanas depois de ter chegado Dublin começa a parecer-me familiar. É engraçado como em pouco tempo aprendemos a criar hábitos que 'cheiram' a casa. A ida ao centro com uma paragem para o café (vá, capuccino...), os percursos dos autocarros, ora à beira-mar, ora com vista para a Ryder Cup (não se aguenta mais ouvir falar em golf nesta terra... socorro!), as compras da semana no Tesco's sempre à procura dos 'deals' na companhia da Sara e claro, a home sweet home que já vai tendo cara de Joana.
Tem estado um tempo bestial, quase sempre sol, uns pinguitos aqui e além e nada de frio a valer. Claro que toda a gente me diz para me preparar e que não tarda vêm aí os dias de inverno 'à séria'. Mas até agora não me posso queixar e tive de me render à evidência: guarda-chuva e óculos de sol na carteira, no matter what. Os próprios irlandeses brincam e dizem que a Irlanda é o único país em que se consegue ter as 4 estações do ano num dia só!
Tinha prometido que este fim-de-semana iniciava o turismo urbano, mas à conta do nariz pingão, a coisa adiou-se mais uma vez. Espero pelas visitas para fazer os percursos famosos ;)
No trabalho continuo a ter a segunda-feira livre, mas o resto da semana é sempre a bombar: terças, quintas e sextas na UCD, com 3 turmas de alunos impecáveis e que me tem dado imenso gozo começar a conhecer. Às quartas rumo a Maynooth, para mais uma leva de miudagem com vontade de aprender português. É incrível como se consegue pôr esta gente toda a querer aprender a nossa língua. Claro que 90% do interesse passa pelo Brasil e por um domínio da América do Sul em termos comunicativos, já que a maioria deles também fala castelhano. Ainda assim, deixem-me que vos diga: um gaélico de gema a tentar arranhar a língua do Camões, é obra!
Como ainda não tenho televisão em casa, as impressões culturais reduzem-se ao meu dia-a-dia em Dublin, e a primeira grande surpresa foi a quantidade de polacos que vivem cá. Garanto-vos que não estou a exagerar quando digo que diariamente, na rua, ouço polaco e inglês quase na mesma proporção. Já há uma rádio polaca, um canal de tv polaco, comunidades por todo o lado e as óbvias anedotas pouco simpáticas sobre eles. São a maior comunidade imigrante, e curiosamente muito díspar: há gente com formação superior, bem integrada e a exercer as suas profissões cá por opção, e gente sem rumo, com empregos precários e temporários, maioritariamente nas obras. Essa foi a segunda grande surpresa: Dublin é uma cidade em transformação constante. Em todo o lado se constrói alguma coisa nova, se recupera, se deita abaixo. É muito visível a injecção de 'dinheiro novo' nesta cidade, para o melhor... e para o pior.
beijo directamente da janela da minha sala, a ver gruas e gaivotas, telhados e montanhas, sorrisos e saudades.
Joana