letter (8)

Queridos todos,

Finalmente um tempo para dar notícias como deve ser.

A ilha verde teve uns deliciosos dias de Primavera, que é como quem diz: invasão dos relvados da cidade por autóctones descascados, na esperança de aproveitarem ao máximo os raios de sol, ainda que a temperatura média não tivesse subido acima dos 12 graus... Estou a brincar, mas até eu já andava de t-shirt, feliz com o céu azul e os dias enormes que começamos a ter.

Regressei ao meu vício cinematográfico, este mês muito virado para os 'girlie' movies... ou chick flicks e parece que estão aí à espreita uns concertos muiiiiiiiiiiiiiiiito apetecíveis, pelo que há que investir na cóltura!

De breves, duas ou três coisas para contar: logo à chegada uma conferência sobre a literatura das ilhas em que conheci o último dos idealistas, um poeta-activista-missionário das Canárias, apaixonado por tudo e por todos, entregue às causas de coração... e sem lucros. Daqueles homens que só conseguimos encaixar entre a fronteira da ingenuidade e da loucura, mas que faz bem saber que ainda existem. Umas noites depois, o jantar de despedida do Chef Nuno do Ely. Gourmet comme il faut, conversinha boa e agora toca a procurar o perfect place para nos irmos deliciar em terras lusas com as iguarias do Chef! Outra surpresa fantástica foi um almoço e uma passeata entre a serra e o mar, para os lados de Dalkey. Parar na Naples bay e perder o olhar num oceano imenso, com recortes de verde atrás de nós e claro, as mega-casas das stars aqui do sítio (Bono, Enya, Chris de Burgh... sim, ainda mexe esse espécime!) Na sexta-feira passada atrevi-me a ir para as montanhas a sul de Dublin. Condado de Wicklow, carinhosamente baptizado como o jardim da Irlanda e que é, de facto, deslumbrante. Se no resto do país já há verde qb, aqui, é inimaginável a variedade de tons e texturas. Caminhada que teria sido perfeita, não tivesse esta vossa amiga acordado com um torcicolo e ter resolvido estrear umas botas de montanha novas, que a mimoseram com duas magníficas bolhas XL, ainda antes de ter começado a caminhar. Enfim, valeu a paisagem, o dia lindo, conhecer Glendalough e Avoca. O resto foi um tremendo exercício de resignação!

A descoberta do dia, foi, no entanto, perceber o peso que a Good Friday tem por estes lados. Não só os pubs estão fechados, como se trancam as bebidas alcóolicas nos supermercados e nos poucos cafés que vendem álcool há tiras pretas à volta das máquinas de cerveja! Fiquei estupefacta! Num país em que o enfrascanço constante é quase o desporto nacional, uma proibição destas e, sobretudo, o cumprimento desta proibição, deixou-me de boca aberta! Mas pelos vistos, e segundo disse o próprio Father Michael na missa de ontem: na Irlanda, a sexta-feira santa é, de todos os dias da quadra pascal, o que é vivido mais intensamente (e será, com certeza, um enorme sofrimento para todos...)

Ontem foi mais um domingo de Páscoa passado num sítio diferente, desta feita em casa Dublin, com uma tarde de cafofo na companhia da Maria e do Miguel Bravo, e em que à boa maneira portuguesa, a mesa esteve posta da uma da tarde às nove da noite!

E pronto, chega de novas que o post já vai grande e não há paciência para tanto ram-ram aqui da je! ;)

beijos e abraços,

Joana