20.2.07

coisas pequenas

Pouco passa das seis e eu começo a abrir o olho e a enroscar-me com mais força no edredão, em jeito de daqui não saio daqui ninguém me tira. Agora já são mesmo 7h00 e não há remédio. Calo o telemóvel, aterro nos chinelos e salto depressa da cama, não vá fugir-me a genica. O quarto está quentinho, não custa muito. Em menos de um nada visto-me, como os cereais, enfio os iogurtes e a barrita na mochila, o mp3 no bolso e a chave na mão. Ontem mudei o repertório: esta semana é Dave Matthews do princípio ao fim, ou não estivesse eu em countdown para o concerto, para ir a Belfast, para dar um abraço ‘daqueles’ ao André e ao Janjas… Está quase! O 3 hoje chegou depressa e está muito menos frio, pelo que não tive tempo de enregelar na paragem. 20 minutos e chego a Belfield. O campus está a acordar às 8h30 da manhã. Meia dúzia de early birds a ver o mail, as empregadas da limpeza e aquela sensação de dia por estrear. Gosto. Tenho é de ver se consigo cantarolar com o mínimo movimento de lábios possível, que já vi não sei quantas pessoas a olharem para mim de soslaio… shame… Entro no gabinete. Abro os estores e ponho o aquecimento um bocadinho mais forte. Há tempo qb para espreitar novidades na net, escrever os sumários do dia e ir lá acima tirar umas fotocópias para os ‘miúdos’. Hoje levo o rádio comigo que eles andam a precisar de treinar o ouvido com outra voz que não a minha. A Henrike, como sempre, não falha uma regra de gramática e o Lukazs (que rapou o cabelo!), continua a repetir baixinho tudo o que eu digo para treinar a pronúncia. Não sei como, mas já é uma da tarde. Tempo de alinhavar trabalhos e decidir que se entretanto o céu não me cair em cima da cabeça pode ser que arrisque uma ida ao centro. Desta feita apanho o 2 até Sandymount e vou finalmente espreitar a Mira Mira, uma loja cuja montra me anda a tentar há seis meses. Regalo a vista e desgraço-me com mais um chá para a colecção. Aproveito a paragem para dar um salto ao Tesco e reabastecer-me de fruta. Como passei o almoço mimo-me com um scone e um smoothie e vou deixar as compras a casa. O tempo está pior. Nem parece que é Carnaval… enfim, não que o tempo tenha alguma coisa a ver com o assunto, mas por estes lados, a folia com data marcada só mesmo no pub. Chego à O’Connell perto das cinco e vou a passo ritmado parando aqui e ali. É incrível como num dia de semana o centro consegue estar tão cheio! Há mais umas quantas lojas em remodelação (mais gruas!), cartazes de sales por todo o lado, pessoas carregadas de sacos e na velocidade costumeira. A típica fila para a ATM (leia-se Multibanco) e os cheiros misturados que saem da Lush e da Bodyshop. Atravesso o Penneys (shortcut de dias cinzentos) e já estou em frente ao Cineworld. Chove torrencialmente. Uma corridinha até ao lado de lá, 2 minutos para levantar o bilhete e estou finalmente sentada à espera que o filme comece. Mexe comigo. As imagens ficam gravadas. África e o pior de dois mundos. Ou talvez o melhor, ou talvez o que ainda faz de nós humanos. O nome marca: Blood Diamond. Na minha cabeça repete-se ‘the future is no place to place your better days’. Sigo compassada pela música ‘cry freedom, cry…’ São oito e meia e já vejo a ponte. Subo a rampa do prédio e no fundo da rua, no céu que entretanto perdeu as nuvens, está o sorriso matreiro de um gato a fazer as vezes de lua. Retribuo-lhe o sorriso. Hoje foi um dia bom.

1 comentário:

artur disse...

Bons dias como esse e um grande concerto para vocês!