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Sim, eu sei que sou uma weepy de primeira categoria e nem é preciso que seja quase Natal. Basta um filme como este.

letter (13)

Queridos todos,

Long time no seen!

À falta de desculpas deixo-vos três ou quatro linhas de quem sobeviveu a um final de semestre especialmente trabalhoso e tem passado os últimos dias com o coração entre cá e lá.

Dublin está absolutamente linda e não há excesso de gente nas ruas que estrague um passeio sob as iluminações de Natal, os cânticos de rua e o conforto de um café a aquecer-me as mãos.

Gostava de vos poder ter cá a todos nesta altura do ano, levar-vos aos recantos que já me são familiares e descobrir outros na vossa companhia. Fica o desejo de sempre e o convite para que em 2008 as visitas se multipliquem.

Por agora...

beijos muitos e abraços tantos,

Joana

Christmas Party @ Gallery Quay

Welcome home!!!

'SLA girls', ou as meninas que me aturam os devaneios linguísticos: Lisa, Justyna, Magda e Tânia.

A nossa sala em décor Natalício ou nas doces palavras da Jenny: 'Christmas puick everywhere!'
Os 'Tugas': Kiko, Jorge, Sarita e Sónia

fontes de inspiração (2)

"(...) a duração da narração é sempre a duração de um problema e da sua possível solução, não mais."

Luís Carmelo (o mestre!)

insanidade matinal ou decisões pós-pequeno-almoço

Handel's Messiah @ St. Patricks Cathedral

A page of George Frideric Handel's autograph draft score of Messiah, 1741.

Duas horas inteirinhas de puro deleite! Acho que não há palavra melhor do que esta.

Tive a sorte de ouvir o Messias soberbamente interpretado no local onde foi tocado pela primeira vez. Casa cheia e um ambiente mágico que volta e meia me enchia os olhos de lágrimas. Senti-me atenta, interpelada e à espera. Começou hoje para mim o Advento.

4 palavras apenas:

Natal rima com morfologia-inflexional

começar o dia às avessas

Depois de me ter arrancado da cama antes das sete, ter engolido o pequeno-almoço e corrido até à estação, é no preciso momento em que chego ao meu destino que a dúvida me assalta: 'Será que desliguei a torradeira?' Pronto. Tudo estragado. Meia dúzia de segundos em que me tento mentalmente convencer que sim seguidos de imagens da minha cozinha em chamas e estou de mão estendida a chamar um táxi.

Escusado será dizer que sim, a torradeira estava mais do que desligada e sim, sou uma completa e absoluta nerd...

eu juro que não me queria queixar...

Thursday
PARTLY SUNNY WITH SHOWERS
-2 to 8 °C

...mas está um frio que não se pode!

Danny boy_muppet version

Ou como diria a clarisca: 'um clássico é sempre um clássico... e vice-versa!'

Zzzzzzz...

E quem é que trabalha depois de um bacalhau à minhota antecedido por chouriço de porco preto e regado a Planalto? Hummm? Está a ser muito difícil... e a culpa é do Jorge e do Rui: shame on you guys!!!

letter (12)

Queridos todos,

Apesar do surto de dores de cabeça com que tenho convivido esta semana e que em nada auxiliam a quem tem, maioritariamente, que ler ou trabalhar com um pc, aqui ficam algumas linhas soltas.

Ora bem... passada a loucura do Halloween a cidade voltou ao normal, o que este ano se traduz num Inverno solarengo e mais movimentado que nunca.

As montras têm décors de Natal... desde Setembro, já quase não há noites livres nos restaurantes para se marcarem os habituais jantares de época e as iluminações de rua acenderam-se (Mar, quase que acertaste!). Tudo isto soa a excessivo e a apressado mas começo a perceber que por aqui, viver sem uma festividade à porta é um desalento e que apesar do folclore costumeiro e exagerado, o humor das pessoas melhora na expectativa de mais um evento... seja ele qual for!

Nas universidades o tempo é de countdown, com semestres de três meses a chegarem ao fim, ânsias de pré-época de exames, reuniões a torto e a direito e dias com luz a menos para tanto que é preciso fazer.

É verdade que tenho andado um bocadinho enterrada em trabalho, mas sei que vai ser um esforço compensado e por isso ando animada. Comecei as listas para tudo e mais alguma coisa (sinal de cansaço!) mas no meio dos afazeres profissionais tem havido espaço para um curso de escrita criativa e a co-animação de um grupo Discover, aqui mesmo à beirinha de casa, na chaplaincy do Trinity College. São os meus 'treats', como se diz por estes lados.

Em jeito de epílogo aproveito para avisar que a agenda turística da Gallery Quay (vulgo home sweet home) aceita agora marcações para a próxima época de visitas - hurry up! ;)

beijos muitos e abraços tantos,

Joana

P.S.- Apresento-vos as 3 aboborinhas que viveram sobre a televisão cá de casa durante a semana de Halloween: Herman Munster, Jack the Pumpkin King and Vampire Bat! Digam lá que a Jenny não é uma artista?

warmthness

Entre duas ilhas e uma península: Mar, Joana, Miana e Pi

Merrion Square, Dublin

silêncios

Como tenho alguma dificuldade em aceitar o conceito de falta de tempo, digo apenas que tenho gerido o meu com tal parcimónia que este blog não anda a ser incluído na passagem das horas.*

* Viram, viram que mesmo assim consegui enfiar uma referência literária num post de três míseras linhas? Enfim, ou sou a máior ou ando tolinha de todo! Viva o Álvaro de Campos! Hip, hip hooray!

Last Wednesday night @ Olympia Theatre

Não amuei porque ando há três décadas no combate ao feitiozinho de filha única, mas que estava à espera de um outro Ray Lamontagne, lá isso estava... Com dois álbuns tão fantásticos o concerto foi bom mas soube a pouco. Pois, pois, as expectativas são o caraças e blablabla, mas não há maneira de eu aprender. Shame on me!

coisas que me acontecem logo pela manhã

O 'maluquinho dos óculos' aproxima-se do banco onde estou sentada. Pára e olha para mim. Senta-se no lugar livre ao meu lado. Soergue-se ligeiramente e escreve com o dedo no vidro embaciado 'God loves all'. Volta a olhar para mim e sai do autocarro.

P.S. - O facto de ainda não serem oito da manhã talvez explique muita coisa, ainda assim, não sei se me ria se me preocupe!

countdowns

Para mais um voo a caminho da península.
Para um concerto muito esperado.
Gosto de começar semanas assim :)

'- It´s hard being a country man!'

Disseste antes de te sentares no mini-banco de jardim que a estação (vulgo apeadeiro) de Maynooth disponibiliza em duplo para as esperas dos passageiros.

Sorri-te e tirei os phones dos ouvidos, que o respeitinho pelos mais velhos é coisa bonita e que muito prezo.

'-You're not a native, are you?' Mais um sorriso meu, acompanhado de resposta cabalmente esclarecedora. Pois, o tom de pele não engana.

Abriste o horário e pediste-me que te confirmasse a que horas e em que linha partia o próximo comboio para Mullingar. 12h22. Daqui a meia hora, tal como o meu, respondi-te. '- And aren't you afraid of travelling all by yourself?' Terceiro sorriso da conversa. Que não, que talvez fosse inconsciência minha, mas sentia-me segura na Irlanda.

'- I'm growing old you know?'

'- Aren't we all?'

Sorriste agora tu e ganhaste fôlego de contador: tenho 88 anos e vim visitar uma irmã minha aqui ao centro geriártico... tem 102 anos ela! '-Nursed her husband for 71 years... a kick from a horse... with two children and a farm to take care...' Tenho de apanhar o comboio porque perdi o autocarro, '- and you know what? Have the phone in me' pocket but I'm not calling the wife... wifes don't have to know everything, it's not good for them!' Agora foi uma gargalhada conjunta.

'- Been together for 55 years... not like now that relations are all hello-goodbye. That wouldn't suit me!'

Falaste dos teus filhos, dos empregos que tiveste, dos teus treze irmãos e da mana mais velha que apesar da vida dura '- Hard work doesn't kill!' tem os primeiros cabelos brancos a aparecerem e te reconhece pela cor dos olhos. Falaste da pérola que é a tua mulher, de como é impossível não gostar da Irlanda e de que ainda que o teu 'computer' esteja operacional, às vezes lá falha o ouvido direito... sobretudo quando o som é roufenho e vem das colunas da estação.

O meu comboio chegou antes do teu e acredita que não queria nada ir-me embora... Apertámos as mãos.

'- Nice to meet you Herbert!'

'- Nice talking to you love, and God bless!'

cinema irlandês_GARAGE

«Impressive tragic comedy set in rural Ireland. The best part was the depiction of the main character's loneliness: he talks to the local horse; gets picked on by the pub bully; tries to fit in with a group of teenagers; and spends his spare time walking.»

Todos os estereótipos da Irlanda rural e muita vontade de estar a ver o filme com legendas (estou cá há um ano e ainda há momentos em que me sinto a ouvir falar estrangeiro, l0l!). O protoganista faz o filme e a cena final é brilhante... e comovente. Uma surpresa e tanto este Garage. Não estava nada à espera.

steven pinker @ Trinity College

Este senhor, para além de pertencer ao Luxuriant Flowing Hair Club for Scientists, deu uma conferência absolutamente fantástica sobre 'Stuff of Thought' (que é também o título do seu último livro e que hei-de arranjar um tempinho para ler) e provou aqui à leiga que cognitive science não é um bicho-papão!

melting pot

«Thanksgiving in Canada has generally thought to come from three traditions.

European farmers in Europe held celebrations at harvest time to give thanks for their good fortune of a good harvest and abundance of food. They would often fill a curved goat's horn with fruits and grains. This was known as a cornucopia or horn of good plenty. When Europeans came to Canada it is thought to have become an influence on the Canadian Thanksgiving tradition.

Around 1578 English navigator Martin Frobisher held a ceremony, in what is now called the province of Newfoundland to give thanks for surviving his journey there. Other settlers later arrived and continued these "thankful" ceremonies.

The third influence happened in 1621 in what was to become the United States. Pilgrims celebrated their first harvest in the "New World". Around 1750 this celebration of harvest was brought to Nova Scotia by American settlers from the south. At the same time, French settlers arriving were also holding feasts of "thanksgiving".

Over the years the date of Thanksgiving changed several times until on January 31st, 1957 Parliament proclaimed

"that the 2nd Monday in October"..."be a Day of General Thanksgiving to Almighty God for the bountiful harvest with which Canada has been blessed." »

Isto tudo para anunciar que celebrei ontem o meu primeiro Thanksgiving, na companhia do Darcy e da Jenny, e soube-me lindamente!

Thanks a million guys :)

fontes de inspiração (1)

«Learning language is learning how to mean.»

Michael A. K. Halliday

o que me faz correr...

Caomhe_Sinéad_Deidre

Michael_Claire_Agata_Nichola_Katarzyna_Margaret

Gillian_Anita_Aisling_Siobhán_Miriam_Angela_Sarah_Jessica

Elizabeth_Caroline_Jennie_Brendan_Liadhan_Joseph_Katri_Moreen

Stephen_Silvia_David_Ciara_Julia_Udo_Michael_Malgorzata

Brianne_Sarah_Gillian_Cornelia_Kristina

Rachel

Este semestre são tantos os 'meus meninos' que até tive direito a ajuda! Finalmente temos equipa: a Eduarda e eu tratamos da bela língua portuguesa em Maynooth (junte-se a esta lista mais 12 criaturinhas) e na UCD, apesar de termos triplicado o número de alunos de iniciação, por ora o português resume-se à minha excelsa pessoa. Small steps e lá iremos!

Uma mescla engraçada de gente, onde entre irlandeses, espanhóis, polacos, finlandeses, italianos, alemães e suíços se vai entretecendo a raiz de uma língua.

Perdoem-me a gabarolice, mas é mesmo bonito o meu trabalho :)

30 minutos no ar...

...para descobrir que Glasgow já não é só uma paleta de tons acinzentados e memórias difusas de outros dias.

Houve arte a passear nas ruas, serenidade numa casa feita à medida e todas as conversas em atraso. Foi tudo o que eu estava a precisar de ter!

Thanks for the wee days :)

ANÚNCIO

Vou até ali e já venho!

letter (11)

Queridos todos,

Tal como se diz aqui no meu ever-blooming-green-corner: first things first! Falemos então do tempo. Esse assunto de virtudes inigualáveis quando a conversa esmorece ou tarda a iniciar-se. Não padecemos de nenhum dos males, mas a evidência é tão espantosa que há que dizê-lo com frontalidade e sem queixumes: tem estado um sol do camandro! Ok, ok, relembremos que sol não equivale a temperaturas amenas e que hoje, por sinal, esteve um frio desgraçado. Ainda assim parece-me que a depressão de Inverno este ano vai chegar mais tarde... et ça me plâit!

Et pourquoi le français maintenant? Et bien, porque vi dois filmes 'bem bons' com ligações à terra dos croissants. Le Serpent (estranho, policial, mas de ficar agarradita à cadeira) e o absolutamente brilhante 2 days in Paris, comédia romântica com (espantemo-nos!) humor inteligente.

O mais do resto tem sido retomar a velocidade dos dias de cá, entre as 30 coisas que tenho para fazer diariamente, os bocadinhos que preciso de ter para mim mesma e as novidades boas d'aqui e d'acolá.

Estou neste momento a ler um panfleto informativo da ESB (a companhia de electricidade cá do sítio) que, tão fofa, me dá as boas-vindas e me explica que ou pago a conta por direct debit ou toca a depositar 300€ de garantia... Ora serve a nova conta para anunciar que vou ter uma igualmente nova flatmate: chama-se Jennifer, é Canadiana e muda-se cá para casa no final do mês. Eu claro que aproveito a deixa e transfiro-me para a suite da mansão, que é como quem diz: mais espaço para as visitas! (sim, sim, que isto ameaças tem havido muitas :P)

Anuncio também à navegação de que tenho andado por aí de máquina fotográfica em riste e que dentro em breve serão bombardeados com fotos estilo-pormenor-dublinense-que-não-interessa-nem-ao-menino-jesus. Fica o aviso feito caso queiram evitar a visita diária aqui ao sítio (eheh...)

Por agora deixo-vos apenas a visão arrepiante da corrida no Liffey de sábado passado, rematada da velha máxima gaulesa: '- Ils sont fous ces-irlandais!'

E já que a onda é de 'cóltura' aproveito para espicaçar a malta (em especial a menina do biombo e o invisible bastard) com o cartaz fabuloso do Dublin Theatre Festival deste ano, quase, quase a começar...

E pronto meus amigos, já sei que com um mail deste tamanho arrisco-me à solidão blogosférica, mas olhem, gosto muito de vocês!

beijos muitos e abraços tantos,

Joana

Pois então novidades breves:

- 6 dias/3 idas ao cinema: back to the unlimited card que, by the way, vai subir de preço!

- mudança de quarto (a casa mai-linda-ó-pois-é mantém-se com a renda tb aumentada... f*&%&%/&%% Irish!)

- busca de nova flatmate (o menu apresenta uma australiana, uma francesa e 3 irlandesas que vou conhecer amanhã)

- total loucura em Belfield (leia-se UCD), com o final da semana de boas-vindas aos caloiros. Música funky oito horas por dia, balões, meninas a quem só faltavam os pompons para serem cheerleaders e eles, os miúdos, os novos estudantes universitários que me começam a parecer saídos do jardim de infância... (será este o primeiro sinal dos 30? :P)

- regresso aos livros anunciado com o pagamento de meia propina que me deixou de cabelos em pé e em total falência técnica. Para meu gáudio tive direito a um saquinho recheado de agenda e cachecol, 30 minutos de discursos e uma recepção com vinhaça às quarto da tarde. Saúde, só saúde estes paddys!

Maith go leor!

Faz hoje um ano que aterrei na ilha pela primeira vez.

Aproveito a deixa para avisar que estou de volta e que entre a terceira mudança de gabinete, as sessões de esclarecimento a alunos e os costumeiros imbróglios administrativos de início de ano lectivo já houve tempo para um serão de pastéis de Belém e para apanhar a primeira constipação deste Inverno (sim, porque está sol mas as loucas temperaturas máximas andam pelos 16/17º)

letter (10)

Queridos todos,

Regressada a terras lusas e desde ontem oficialmente de férias, venho anunciar que o 'tasco' estará temporariamente encerrado, por necessidade imperiosa de obtenção de reservas de melanina que aguentem mais um inverno na ilha :)

Take care and see you soon,

Jo

www.lpdublin.com

É oficial: temos site!

Abriu hoje as portas ao mundo depois de uns mesitos de trabalho árduo do Rodrigo e contributos artísticos de muitos de vós (continuem a mandar fotos que nós não parámos por aqui!)

Pensámo-lo simples e funcional. Um espaço informativo sobre o que por estes lados se vai fazendo de 'luso' e uma plataforma de trabalho para os alunos.

Agora o caminho é melhorá-lo e dar trabalho 'aos meus meninos' quando o próximo semestre começar!

Venham de lá essas críticas e sugestões, que a je agradece :)

eu e a minha turba de leprechauns

Temos sol, temos verde, temos trabalho qb e a maravilhosa fauna de autóctones como espectáculo de moda à borliu.
Temos o bichinho dos filmes, corridas diárias entre um poiso e outro, visitas de amigos e o vício dos scones.
Temos uma kettle no gabinete ao lado da embalagem de Earl Grey, passeios à beira-rio e dias de 4 estações.
Temos um room with a view e lugares preferidos.
Temos um sorriso nos lábios por saber que para o ano há mais...

The Frames @ Vicar Street

Duas horas e meia de música em boa companhia, 3 encores, um violinista fantástico e um Glen Hansard a contagiar-nos a todos com um humor brutal foram a receita para uma noite inesquecível. Estes miúdos vão dar que falar!

um, dois, três... respira

Tenho um problema. Orgânico. Daqueles que vêm dos confins da infância e deixam marcas até aos dias de hoje. Não chega a ser uma fobia, mas tenho de pensar bem antes de me decidir a pôr um pé numa destas instituições. No sábado, dia feioso e a pedir visitas indoors, achei que oito meses depois de chegar a Dublin estava na altura do esforço. Entrei a medo e dei uma volta pelo rés-do-chão, assim ao largo, sem me aproximar muito das vitrinas, a contornar miúdos a fazer desenhos e pais que explicam com afã as maravilhas naturais. Quando começo a olhar só em frente sei que está na altura de sair e acelero o passo. Bichezas com o ar mais triste deste mundo enfiados numas caixas de vidro normalmente já bastante para o empoeiradas, em poses ridículas que pretendem captar a verdadeira vida animal é demais para mim. Quero lá saber da chuva... ou do granizo que cai lá fora! Viva o ar fresco e o céu aberto que me deixam bem longe dos animais empalhados e da insuportável natureza morta que é um museu de história natural.

Perde-se em sabedoria taxidérmica, ganha-se em ignorância feliz!

quickshot VI

City Hall, Belfast: imperial mais imperial não há! God save Queen Victoria!

Hill of Slane ao lusco-fusco: uma abadia em ruínas e cruzes celtas por todo o lado. Místico qb!
Old Bushmills Distillery: licença para enfrascar os demais conterrâneos desde 1608... não há-de esta gente gostar do copo!
Especialmente para o Tio Artur: moda papa-léguas-ultra-confortáveis (1) Primavera 2007 ! :P

mon meilleur ami

- Il n’y a personne que vous pouvez appeler à trois heures du matin?
- Non personne.
- Même si vous avez un gros problème?
- Mais je n’ai pas des gros problèmes.
- Bah! Si vous pouvez pas appeler quelqu’un à trois heures du matin vous avez un problème!

E não é que os cinemas blockbuster às vezes também passam pérolas destas?

queixinhas

Chove que Deus a dá, o meu nariz está em obras com a mega constipação que me aterrou em cima, não tenho alunos... que é como quem diz começou a parte chata do meu trabalho: exames, correcções, relatórios, planificações, reuniões e outras burocracias tais.

Queria ter tido tempo para pendurar o espelho, para imprimir os livrinhos com castiçais na capa, para que a Mananena Tabodinha se metesse comigo com mais pinta ainda do que já faz, para treinar os músculos do braço direito no bowling de onde-judas-perdeu-as-botas, para ir finalmente a tua casa, para mandar palpites sobre o décor de um wc cor-de-laranja, para o café que te fiquei a dever, para aqueles que nem cheguei a combinar, para ter mais festinhas tuas num serão de sofá e mimos só de mãe e filha... para... para... para...

letter (9)

Queridos todos,

Ainda que vossas reais excelências não se dignem a dar um arzinho de vossa graça nesta humilde casa, cá vão mais umas pinceladas de vida na ilha verde, que eu cá não sou de guardar rancores... pelo menos por ora ;)

Este weekend foi o chamado fim-de-semana de 'gaijas', que só não acabou em extâse total porque o Benfica resolveu empatar no derby de domingo à noite! Ora não se podendo ter tudo, fique-se com a melhor parte, que foi, sem sombra de dúvidas, os kms que fizemos pela ilha fora.

Passámos por Ballymoney, Ballymena, Ballycastle e mais umas quantas 'terras de', até chegarmos bem ao norte da Irlanda, onde ao contrário do que dizia o poeta, a terra acaba e o mar principia. Bushmills foi a primeira paragem turística propriamente dita, com esta vossa amiga a beber whiskey quente com açúcar, canela e cominhos logo às 11 da manhã... valeram-me as panquecas do pequeno-almoço e à outra Joana, provadora oficial de 5 ou 6 whiskeys, o full Irish breakfast que tinha a forrar o estômago! Visitada a distilaria seguimos para o Giant's Causeway e para a primeira caminhada do dia, a saltitar nas 'pegadas do gigante', que mais não são do que um fantástico caminho de rochas basálticas formadas há uns quantos milhões de anos pelo contacto de lava e água. Daí até Carrick-a-rede foi um instante e não houve vento que nos demovesse de atravessar a ponte e ter a sensação única de, no meio do mar, ver a Escócia à nossa frente (a pontinha de Mull of Kintyre, essa mesmo, a da música do Paul McCartney com gaitas-de-foles) e a Irlanda nas nossas costas. Mais uma voltinha de 2kms para abrir o apetite e rumar a sul pela coastal road, uma estrada linda de morrer, em que o difícil é escolher um poiso para os olhos: mar de um lado, verde do outro, verde de um lado, mar do outro... um verdadeiro consolo ocular!

A surpresa do dia foi uma terrinha de seu nome Carnlough. Uma vila giríssima onde parámos para almoçar e retemperar forças para as quase duas horas de distância de Belfast.

Belfast... é a segunda vez que lá vou e continua a impressionar-me. Mexe por dentro aquela cidade. Imperial à boa maneira britânica, vive uma paz que me permito dizer aparente porque em todo o lado há sinais de desconforto, de conflito ainda fresco, de instabilidade. Que o Tony Blair se congratule por ter finalmente conseguido um governo partilhado entre o Sinn Féin e os unionistas não é, definitivamente, sinal de que os confrontos acabaram. Os católicos menos comedidos tratam os protestantes por 'the palestines', não respondem à polícia porque não a encaram como autoridade e queixam-se de que ainda há discriminação e falta de empregos para 'os deles'. Há bairros católicos e protestantes e as misturas não se aceitam. Há portões que fecham bairros quando anoitece e a razão parece não estar em nenhum dos lados, pelo menos a julgar pelas listas e listas de mortos que dão cor aos murais da cidade. Que não se esqueça o passado é uma coisa louvável, mas aqui, quer manter-se a ferida aberta porque se sente que esta paz não é a sério. E isso assusta... e comove.

Voltámos a casa-Dublin com um nó na garganta e vontade de saber mais sobre este povo e esta terra que tão bem nos acolheu, a mim e à Sarita e a todos os que nos vêm visitar.

Os 5/7 minutos do lusco-fusco ainda se aproveitaram para dar um salto à Slane Abbey e mostrar à Joana e à Raquel umas cruzes celtas originais.

E pronto, confesso-vos que esta semana já estou com aquele friozinho na barriga de quem não tarda se vai despedir dos alunos, mas muito contente por daqui a uns dias ir matar saudades a Coimbra e arredores!

beijos abraços da ilha verde,

Joana

quickshot V

Carrick-a-rede rope bridge, Antrim, Northern Ireland.

Giant's Causeway, Antrim, Northern Ireland.

Fotos Sara Fonseca

aconteceu

Foi na sexta-feira.

Ia no 3 a caminho de casa, a olhar para o mar como de costume. Não sei porquê, a páginas tantas resolvi olhar para a porta. Depois para a janela. Depois esfreguei os olhos e vi-o outra vez. Lá fora, de óculos escuros e a passear com um copo de café na mão: o Bono. A dois passos de mim. Um vidro a impedir que eu não fosse capaz de lhe dizer nada (como talvez também não fosse se estivesse cara a cara...). Saí na paragem seguinte. Corri como uma desalmada e, obviamente, ele já lá não estava. Passei a tarde com um sorriso estúpido na cara. Acho que ainda o tenho por cá.

lúcia-lima

Vieste por minha causa. 67 anos e o triplo da minha energia. Um sentido de humor invejável. Olhinhos pequenos e argutos.

Calcorreámos Dublin atrás de um bom expresso... que não chegámos a encontrar. Rimo-nos. Conversámos horas a fio. Aconselhaste-me, abençoaste-me e, como sempre, fascinaste-me. Mostrei-te o pouco que conheço em troca do imenso que sabes. Falaste aos meus alunos com a paixão que te caracteriza e deixaste-os curiosos: o melhor dos presentes.

Thank you Vovó!

Hoje,

deu-me para a nostalgia.

Yann Tiersenn at Tripod

Como todos os concertos em Dublin, sold out há semanas. Na fila para levantar os bilhetes a língua-mãe é o francês e as gentes são de todos os tipos e de todas as idades.

Meia-hora de espera, um carimbo na mão e finalmente abrem-se as portas do Tripod, uma sala de espectáculos tripla instalada na antiga estação de comboios de Harcourt. O espaço é quase intimista. Bebe-se como de costume e há uma banda a abrir o concerto que atrasou mais meia hora. Finalmente em palco, o inesperado. Nada de ir pelo mais fácil e atacar a banda sonora da Amélie, aqui os sons são novos, diferentes, inebriantes. Cinco amigos a divertirem-se em palco e um Yann Tiersenn que tocou guitarra, violeta, violino, xilofone e acordeão a deslumbrar a plateia. Rendi-me!

powerscourt

A 40 minutos de Dublin, no sopé do Sugar Loaf (e não é que aqui também há um pão-de-açúcar!) ficam aqueles que são considerados os mais bonitos jardins privados da Irlanda: Powerscourt Estate.

Uma 'casita' de campo que vale bem uma visita (dar a volta completa aos jardins a passo acelerado demora, no mínimo, 40 minutos) e um almoço no Avoca em que a dificuldade é escolher! (salada de queijo de cabra quente, sopa de tomate e lemon curd cake estão no meu personal top) acompanhado de boa conversa e uma vista deslumbrante.

Mais 10 minutos (de carro!) e chega-se à Powerscourt Waterfall. Com os seus 130 metros de altura é a mais alta aqui da ilha e é o verdadeiro ponto de cunbíbio da malta do piquenique, com direito a churrasco, manta e tudo a que se tem direito!

Cá vos espero!

quickshot IV

UCD, vista do Liffey a ir para o centro de Dublin, Avoca e Glendalough.

letter (8)

Queridos todos,

Finalmente um tempo para dar notícias como deve ser.

A ilha verde teve uns deliciosos dias de Primavera, que é como quem diz: invasão dos relvados da cidade por autóctones descascados, na esperança de aproveitarem ao máximo os raios de sol, ainda que a temperatura média não tivesse subido acima dos 12 graus... Estou a brincar, mas até eu já andava de t-shirt, feliz com o céu azul e os dias enormes que começamos a ter.

Regressei ao meu vício cinematográfico, este mês muito virado para os 'girlie' movies... ou chick flicks e parece que estão aí à espreita uns concertos muiiiiiiiiiiiiiiiito apetecíveis, pelo que há que investir na cóltura!

De breves, duas ou três coisas para contar: logo à chegada uma conferência sobre a literatura das ilhas em que conheci o último dos idealistas, um poeta-activista-missionário das Canárias, apaixonado por tudo e por todos, entregue às causas de coração... e sem lucros. Daqueles homens que só conseguimos encaixar entre a fronteira da ingenuidade e da loucura, mas que faz bem saber que ainda existem. Umas noites depois, o jantar de despedida do Chef Nuno do Ely. Gourmet comme il faut, conversinha boa e agora toca a procurar o perfect place para nos irmos deliciar em terras lusas com as iguarias do Chef! Outra surpresa fantástica foi um almoço e uma passeata entre a serra e o mar, para os lados de Dalkey. Parar na Naples bay e perder o olhar num oceano imenso, com recortes de verde atrás de nós e claro, as mega-casas das stars aqui do sítio (Bono, Enya, Chris de Burgh... sim, ainda mexe esse espécime!) Na sexta-feira passada atrevi-me a ir para as montanhas a sul de Dublin. Condado de Wicklow, carinhosamente baptizado como o jardim da Irlanda e que é, de facto, deslumbrante. Se no resto do país já há verde qb, aqui, é inimaginável a variedade de tons e texturas. Caminhada que teria sido perfeita, não tivesse esta vossa amiga acordado com um torcicolo e ter resolvido estrear umas botas de montanha novas, que a mimoseram com duas magníficas bolhas XL, ainda antes de ter começado a caminhar. Enfim, valeu a paisagem, o dia lindo, conhecer Glendalough e Avoca. O resto foi um tremendo exercício de resignação!

A descoberta do dia, foi, no entanto, perceber o peso que a Good Friday tem por estes lados. Não só os pubs estão fechados, como se trancam as bebidas alcóolicas nos supermercados e nos poucos cafés que vendem álcool há tiras pretas à volta das máquinas de cerveja! Fiquei estupefacta! Num país em que o enfrascanço constante é quase o desporto nacional, uma proibição destas e, sobretudo, o cumprimento desta proibição, deixou-me de boca aberta! Mas pelos vistos, e segundo disse o próprio Father Michael na missa de ontem: na Irlanda, a sexta-feira santa é, de todos os dias da quadra pascal, o que é vivido mais intensamente (e será, com certeza, um enorme sofrimento para todos...)

Ontem foi mais um domingo de Páscoa passado num sítio diferente, desta feita em casa Dublin, com uma tarde de cafofo na companhia da Maria e do Miguel Bravo, e em que à boa maneira portuguesa, a mesa esteve posta da uma da tarde às nove da noite!

E pronto, chega de novas que o post já vai grande e não há paciência para tanto ram-ram aqui da je! ;)

beijos e abraços,

Joana

once

Dublin em pano de fundo. Lugares de todos os dias a aparecerem no ecrã, e um filme em torno de uma banda sonora que me acompanha desde Setembro. 'The guy' and 'the girl' são os senhores aqui do lado: Glen Hansard e Marketa Irglova. Músicos feitos actores num filme simplesmente bonito.

daqui

Parece que estou de volta e que novos voos se avizinham: de lá para cá e de cá para lá.

Hoje apetece-me ser críptica e deixar-vos apenas um beijo primaveril.

meteor

Eles são um bocadinho para o incompetentes (ando há seis meses a tentar configurar o serviço de MMS do meu telemóvel...) mas só porque passam sempre U2 quando nos põem on hold estão absolutamente perdoados!

breves

- ter descoberto as pipocas de microondas e gostar de trash tv é uma combinação demasiado perigosa...

- chegou a Primavera e, segundo os meus alunos, não tem nada a ver com solstícios nem outras mariquices tais, 'cá na Irlanda, nós aprendemos que cada estação do ano dura 4 meses certinhos, a começar no dia 1 e a acabar no último dia do quarto mês'...

- continuo a sentir-me uma privilegiada ao poder passear pela cidade e ver tanta gente DIFERENTE. É um bálsamo...

- faltam 3 dias para poisar em terras lusas :)

Babel

Quando cheguei de férias tinha 5 mensagens tuas no gravador de chamadas. Percebi-te com dificuldade. Apenas urgência na voz e um inglês muito mau.

Nas últimas duas semanas voltaste à carga e eu fui-me assustando. Caramba, tantas mensagens, tanta vontade de te encontrares comigo... estranho!

Finalmente apanhaste-me perto do telefone. A conversa foi surreal porque falas de um modo ininteligível, mas lá entendi o teu nome e qualquer coisa como 'prova língua pôrtuguêssa'. Sugeri que me explicasses melhor o que querias via mail, soletrei-te o meu nome, apontei o teu mail, escrevi-te e veio devolvido.

No dia seguinte insististe. Tentei falar mais devagarinho, pedi-te o mesmo e conseguimos, muito esforçadamente, combinar um encontro.

Bateste-me hoje à porta do gabinete e parecias nervoso qb. Sentaste-te, sentei-me e passo a passo lá fui entendendo o que querias: fazer o exame internacional de português. Muito bem, as datas são estas, o preço aquele, há vários níveis de exame, as inscrições começam mais lá para o verão e é preciso o número do passaporte e... Passaporte não tenho. Não? Puxas da carteira e mostras-me um cartão com a tua fotografia: My refugee card. Emudeço. Passas ao seguinte: My mrs... Não sei de onde vens, não conheço a tua história, mas estás sentado à minha frente a esforçares-te por te fazeres entender numa língua que não é claramente a tua, a pedires-me para fazer um exame de outra língua que não nasceu contigo, porque queres ser 'citátão português'.

Há dias em que me sinto mesmo pequenina.

the space between

Às vezes é só mesmo a distância de um avião.

(fotos do André)